segunda-feira, 25 de agosto de 2014

AGOSTO DE 1954: A GRANDE TRAGÉDIA

O suicídio e a Carta Testamento

Na tragédia "Júlio Cesar" de W. Shakespeare, num primeiro momento, a morte do ditador César é recebida com aplausos mas graças ao discurso de Marco Antônio, seu amigo e seguidor, a multidão muda de lado. Em pouco tempo os assassinos de César são perseguidos, mortos ou obrigados a fugir. O mesmo ocorreu após a morte de Getúlio Vargas. Depois de uma reunião ministerial em que verificou-se a inutilidade de qualquer resistência (um manifesto de Brigadeiros foi seguido de um de Generais que pediam sua renúncia), Vargas recolheu-se aos seus aposentos e, na manhã do dia 24 de agosto de 1954, suicidou-se com um tiro no peito. Seu Marco Antônio foi a Carta Testamento imediatamente lida em todas as rádios onde Vargas explicava de uma maneira extremamente comovente as razões do seu gesto. A opinião pública enfurecida voltou-se contra seus inimigos. Jornais foram invadidos e rádios incendiadas ou depredadas, a Embaixada americana atacada e Carlos Lacerda obrigado a refugiar-se no exterior. O golpe que estava em andamento para depor Vargas foi sustado. Um verdadeiro levante de massas impediu que a normalidade constitucional fosse rompida naquele momento. Mas as forças que levaram Vargas ao suicídio em 1954 não desistiram. Rejeitadas alguns anos depois tornam-se valiosas em 1964. O gesto do presidente protelou o golpe militar em dez anos.
A Carta Testamento


"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão direito de defesa. (...) Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais posso vos dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. (...) Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."

23 de agosto de 2014
Por Da Redação

Getúlio Vargas (FOTO)

“Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”. A frase, uma das mais célebres passagens da história política brasileira, encerra a carta-testamento deixada por Getúlio Vargas. Há 60 anos, no dia 24 de agosto de 1954, o então presidente tirou a própria vida em meio à pior crise enfrentada em seus anos de atuação política.
Uma reunião com os ministros no Palácio do Catete varou a madrugada e decidiu que Getúlio se afastaria do governo por três meses para dar lugar ao vice, Café Filho. Após o fim da discussão, já com o dia claro, o político se recolheu ao seu aposento. Por volta das 8h35, o barulho de um tiro ecoou pelo palácio. Seu filho Lutero correu para o quarto, seguido pela esposa de Vargas, Darcy, e a filha Alzira.
“Getúlio estava deitado, com meio corpo para fora da cama. No pijama listrado, em um buraco chamuscado de pólvora um pouco abaixo e à direita do monograma GV, bem à altura do coração, borbulhava uma mancha vermelha de sangue. O revólver Colt calibre 32, com cabo de madrepérola estava caído próximo à sua mão direita”.  É assim que Lira Neto descreve o cenário da morte de Vargas no terceiro volume da série biográfica Getúlio.
A carta-testamento de Getúlio Vargas, que seria transmitida durante aquele dia pelas rádios em todo o território nacional, foi encontrada em um envelope, encostada ao abajur da mesinha da cabeceira da cama do então presidente. Nos apontamentos do biógrafo, o texto, originalmente esboçado por Getúlio, teve sua versão final passada na máquina de escrever pelas mãos de um  amigo, José Soares Maciel Filho, já que o ex-presidente não sabia datilografar. O rascunho da carta havia sido encontrado no dia 13 de agosto pelo major-aviador Hernani Fittipaldi, um dos ajudantes de ordem de Getúlio, enquanto arrumava a mesa do presidente.
Assustado com o conteúdo do manuscrito, ele entregou o papel à Alzira, que questionou o pai. “Não é o que estás pensando, minha filha. Não te preocupes, foi um desabafo”, se esquivou Vargas. Essa porém não foi a primeira vez que Getúlio fez menção ao suicídio. Em suas anotações pessoais ele já havia cogitado tirar a vida em outros momentos de sua jornada política.
A primeira delas foi quando chegou ao poder em 1930. Naquela data, enquanto se encaminhava para a sede do governo, se disse disposto a não retornar com vida ao Rio Grande caso não obtivesse sucesso na empreitada. Era a primeira anotação pessoal que fazia no diário que carregou para o resto da vida. Lira Neto considera que a diferença em 1954 é que Getúlio se viu encurralado e não conseguiu contornar a crise como das outras vezes. Confira em vídeo trecho da entrevista com Lira Neto:
A notícia circulou rapidamente pelo país. Um dos principais programas jornalísticos da época, o Repórter Esso, transmitiu a notícia acompanhada da leitura da carta, na voz do locutor Heron Domingues. Ouça o áudio com trecho da carta lida na Rádio (o áudio não foi conservado na íntegra):

Depois de chegar ao poder na liderança do movimento que ficou conhecido como Revolução de 1930, o político gaúcho Getúlio Dornelles Vargas exerceu o governo no país de forma ininterrupta até 1945. De 1930 a 1934 ele foi chefe do Governo Provisório. Em 1934 foi eleito presidente da república pela Assembleia Nacional Constituinte e exerceu o Governo Constitucional até 1937, quando por meio de um golpe instaurou a ditadura do Estado Novo, que durou até 1945. Retirado do comando do país por um golpe militar, se recolheu à sua cidade natal, São Borja (RS), de onde articulou sua volta ao poder pela via democrática nas eleições presidenciais de 1950.
Com informações EBC
Tags: 1954, 2014, 60 anos, Brasil, Getúlio Vargas, Memória, Mortes, Nacional, Política, Populismo

sábado, 23 de agosto de 2014

Marina lança candidatura no Recife e critica 'mentiras' dos adversários

Ex-senadora comparou dor da perda de Campos com a de Chico Mendes.
Ela ainda convocou militância a 'responder às mentiras nas redes sociais'.

Do G1 PE
Ao lado de Beto Albuquerque, Paulo Câmara e Renata Campos, Marina lançou candidatura em clube na Zona Oeste da capital (Foto: Luna Markman/G1)Ao lado de Beto Albuquerque, Paulo Câmara e Renata Campos, Marina lançou candidatura em clube na Zona Oeste da capital (Foto: Luna Markman/G1)

No lançamento oficial da candidatura de Marina Silva e Beto Albuquerque à Presidência pelo PSB, neste sábado (23), no Recife, o ex-governador Eduardo Campos foi citado por todos os correligionários que discursaram no evento, em um clube na Zona Oeste da capital. As falas se alternaram entre lamentações e pedidos de voto para dar continuidade ao legado do político. A ex-senadora também criticou o que chamou de “mentiras e distorções” por parte dos adversários, acrescentando que no dia da morte de Campos agradeceu "por ter feito aliança com ele antes".

A comitiva do PSB chegou ao local do evento às 18h50, trazendo os candidatos, a viúva de Eduardo, Renata Campos, e três dos cinco filhos do ex-governador. Renata não discursou nem falou com a imprensa.


Questionada sobre quais mentiras por parte dos adversários tinha se referido, Marina Silva limitou-se a dizer que "elas vão vir". A ex-senadora ainda comparou a dor da perda de Campos com a do companheiro de luta ambiental Chico Mendes. Depois, apontou que esta não será uma campanha fácil. “São quarenta e quatro dias [até a votação]. O bom é que a gente já tem programa, partidos e militância mobilizada. Mas ouvi calúnias, mentiras e distorções daqueles que não querem respeitar as decisões da população. Vamos ter que oferecer a outra face nessa campanha, caminhar com sabedoria. Só queremos o bem de Pernambuco, do Brasil", disse.

Ela também pediu “doações” da militância para a campanha. “Doações de tempo para a campanha de Paulo [Câmara, candidato ao governo de Pernambuco], Fernando [Bezerra Coelho, candidato ao Senado por Pernambuco], para responder às mentiras nas redes sociais", completou.

O restante dos interlocutores também lembrou Campos e pediu que o povo votasse na chapa do PSB, tanto no estado quanto nacionalmente, para dar continuidade aos compromissos e ao programa de governo que estava sendo elaborado pelo ex-governador e presidenciável e será lançado no próximo dia 29. Além do governador do estado, João Lyra Neto, e do prefeito do Recife, Geraldo Julio, ambos do PSB, participaram do ato candidatos socialistas a deputado estadual e federal.

Vice na chapa de Marina, o deputado federal Beto Albuquerque, levantou a bola de Fernando Bezerra Coelho, dizendo que Pernambuco está precisando de senador, pois os que ocupam o cargo estão “falando muito e fazendo pouco” pelo estado, em referência a Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB). Este último está licenciado para campanha e também é postulante ao governo de Pernambuco com apoio do PT.

Beto ainda criticou Armando Monteiro que, segundo ele, teria votado a favor do fator previdenciário. Por fim, disse que, com Marina, não está concorrendo para substituir Campos, mas para dar continuidade ao legado dele e “botar as raposas velhas no banco de reservas”.

Pela manhã, a ex-senadora fez uma caminhada pelo bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Após corpo a corpo com o eleitorado, Marina discursou sobre o Nordeste como pauta prioritária no programa de governo e criticou a gestão petista, afirmando que o País será, pela primeira vez, entregue pior para o próximo presidente e que falta visão estratégica.

Ela também falou sobre a alta da inflação e afirmou que quer o apoio do tucano José Serra, com quem já teve divergências, caso seja eleita. Antes de chegar ao Clube Internacional, Marina Silva gravou depoimento em estúdio para campanha de Paulo Câmara. Neste domingo (24), a candidata tem agenda no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Viúva de Campos, Renata acompanhou ato de Marina Silva e Beto Albuquerque, mas não discursou nem falou com a imprensa (Foto: Luna Markman/G1)Viúva de Campos, Renata acompanhou ato de Marina Silva e Beto Albuquerque, mas não discursou no evento (Foto: Luna Markman/G1)
Durante o discurso, Marina disse que ouviu ouviu alúnias, mentiras e distorções daqueles que não querem respeitar as decisões da população (Foto: Luna Markman/G1)Durante o discurso, Marina disse que ouviu 'calúnias, mentiras e distorções daqueles que não querem respeitar as decisões da população' (Foto: Luna Markman/G1)


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Beto Albuquerque será o vice de Marina (Ilimar Franco)

19.8.2014 18h48m

           O anúncio só será feito amanhã, mas já foi definido que o vice de Marina Silva será o líder do PSB na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (RS). Os últimos acertos estão sendo feitos agora, em Recife, numa reunião em que participam o presidente socialista Roberto Amaral; a mulher de Eduardo Campos, Renata; o prefeito de Recife, Geraldo Júlio; o candidato ao governo do estado, Paulo Câmara; e, o próprio Beto.

          A decisão já foi comunicada por Roberto Amaral à candidata Marina Silva. O lançamento da chapa será feito amanhã durante a reunião da direção do PSB, em Brasília. Na quinta-feira, será a vez de Amaral conversar com  os partidos aliados para formalizar a decisão pela coligação.

           A escolha foi feita por se tratar do líder na Câmara, por ter sido um dos articuladores da candidatura socialista e por ser próximo de Eduardo Campos. Além disso, a maioria do PSB convergiu para que ele fosse o representante na chapa. Beto foi favorecido ainda pela divisão interna do partido em Pernambuco, que queria a vaga, mas não fechou em torno de um único nome. Tinha três: Danilo Cabral (Ex-secretário da Educação e ex-secretário das Cidades), Fernando Bezerra Coelho (ex-ministro da Integração Nacional) e Maurício Rands (um dos coordenadores do programa de governo).

          O nome de Beto também foi bem recebido por Marina Silva. Ele abriu mão de uma aliança com o PP no sul e com a candidata ao governo, senadora Ana Amélia (RS), que lidera as pesquisas. O fez a pedido de Marina, que não queria uma aliança com setores do agronegócio. Por isso, Beto virou candidato ao Senado na chapa do candidato ao governo pelo PMDB, José Ivo Sartori.

          Esta saída foi articulada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, que desde o começo se colocou como "condutor do processo" defendido pela maioria: a candidatura Marina Silva. Desde a primeira hora, os socialistas chegaram à conclusão que não teriam um nome eleitoral à altura de Marina. E que a escolha de um quadro do partido comprometeria até mesmo o desempenho para a Câmara dos Deputados, Senado e governos estaduais.

domingo, 17 de agosto de 2014

Aos gritos de "justiça" e "Marina", cortejo de Campos chega para velório

sábado, 16 de agosto de 2014

PSB quer que vice de Marina Silva seja alguém ligado a Campos

Especulações passam pelo ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, a ex-corregedora Eliana Calmon e o irmão do ex-governador, Antonio Campos
por Hylda Cavalcanti, enviada especial da RBA publicado 16/08/2014 15:28
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PSB.ORG
Ligado a Campos
Iniciativa seria, além de uma forma de homenagem, a maneira de ser feita ligação direta com os projetos apresentados por Campos
Recife – Com o caminho aberto para que seja confirmada, nos próximos dias a candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos, um dos assuntos que mais tem sido discutido em Recife, nas conversas políticas reservadas das últimas horas, é o esforço explícito para que o nome a ser indicado pelo partido para a vice-presidência seja diretamente ligado ao candidato recém falecido. A iniciativa seria, além de uma forma de homenagem, a maneira de ser feita, na campanha, ligação direta com os projetos apresentados por Campos.
Um representante do diretório estadual do PSB em Pernambuco chegou a afirmar que o ideal seria a indicação de alguém da própria família do ex-governador. Por isso, foram cogitados os nomes da esposa, Renata, e do irmão dele, o escritor Antonio Campos, mas ambos foram descartados.
Outros prováveis nomes próximos a Campos que poderiam entrar na disputa são o ex-ministro da Integração Regional, Fernando Bezerra Coelho (que é candidato ao Senado por Pernambuco) e o líder do PSB na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (RS). Bezerra Coelho tem ligação antiga com a família desde o segundo governo do avô do candidato, Miguel Arraes, em 1987.
Já Beto Albuquerque iniciou na política como militante do PSB muito novo, no início dos anos 90 e, naquele período, teve algumas divergências internas com Arraes e o neto, que acabaram deixadas de lado com o passar do tempo. Nos últimos anos, Albuquerque e o ex-governador pernambucano passaram a ter um trabalho mais afinado, principalmente na defesa das bandeiras da legenda na Câmara.
Renata Campos, que é filiada ao PSB, seria a vice-presidente que mais agradaria na nova chapa a ser apresentada pelo partido até quarta-feira (20). Segundo comentários de vários parlamentares, essa possibilidade teria sido vista com agrado, inclusive por parte de Marina Silva, que possui bom relacionamento com ela e a considera bastante preparada como técnica concursada do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE) e por sempre ter demonstrado entrosamento com a campanha enquanto acompanhava o marido.
Marina Silva, conforme informações de pessoas que se encontram na cidade para o velório do ex-governador, teria mencionado o assunto em conversa com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, mas a possibilidade teria sido deixada de lado. Além de dúvidas sobre se viria a aceitar tal missão (por ter um filho bebê, portador da Síndrome de Down), Renata Campos estaria impedida pelo fato de ser dos quadros do TCE. Conforme a lei eleitoral, para se candidatar, ela teria que ter se licenciado e pedido autorização meses antes, o que não ocorreu.
O mesmo impedimento se dá com a ministra do Tribunal de Contas da União e mãe de Campos, Ana Arraes, que já foi deputada federal. Poderia ser uma boa indicação, mas não foi sequer cogitada.

Ex-corregedora

Entre assessores da ex-senadora, também é especulado com força o nome da ex-corregedora nacional de Justiça e candidata ao senado pela Bahia, Eliana Calmon, que, embora não fosse próxima de Eduardo Campos, entrou no PSB pelas mãos dele e mantinha bom contato com o presidenciável.
Na avaliação de integrantes da campanha, seria alguém que ajudaria a dar peso devido ao destaque que obteve nacionalmente nos últimos anos, com o trabalho de punição e afastamento de magistrados que tiveram problemas éticos em atuações nos tribunais do país.
E o irmão de Eduardo Campos, Antonio, que foi tido como possibilidade por uma ala da legenda que estuda o assunto, acabou desconsiderado pelo fato de ter participado de forma burocrática dos governos do irmão. A carta divulgada dias atrás pelo escritor, reiterando que, como irmão de Campos e neto de Arraes apoiava a candidatura de Marina – que chegou a surpreender muita gente, já que ele não tem perfil político – teria sido um indicativo neste sentido, mas foi deixado de lado logo pelos pessebistas.

Roberto Freire

Em Pernambuco, enquanto as dúvidas reinavam sobre a possibilidade de Marina Silva vir mesmo a substituir Eduardo Campos, já era tida como certa a substituição em função do trabalho de um articulador que entrou em campo logo após a notícia da tragédia: o ex-senador e deputado Federal Roberto Freire (PPS-SP).
Freire tem tido um contato mais direto com Marina Silva desde o início do ano, ao passo do PPS ter sido a primeira legenda colocada formalmente à disposição da ex-senadora quando a Rede Sustentabilidade teve o pedido de criação, como partido político, rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A legenda é uma das coligadas ao PSB e tem atuado no sentido de aparar arestas existentes entre partidários da Rede e socialistas.
“Antes a dúvida era entre a candidata ser ou não Marina Silva. Sabemos que a decisão só será tomada por meio de reunião nacional que contará com  muitas divergências de diretórios estaduais, mas está praticamente definida porque há o peso de alianças estaduais que sabem da necessidade de uma candidatura mais expressiva como a da ex-senadora. E ninguém em sã consciência quer abrir mão disso”, ressaltou um deputado estadual de Pernambuco pelo PSB que preferiu não se identificar.

Arranjos estaduais

Já se sabe que, com a candidatura de Marina, articulações feitas anteriormente no Paraná, Santa Catarina e São Paulo para o governo estadual estão fragilizadas e serão revistas, mas a posição do PSB, a princípio, é de que é melhor perder apoio em três estados e manter um cenário nacional favorável a ter de rever as estruturas firmadas em todo o país.
A ex-senadora Marina Silva, que até o fechamento desta edição se encontrava em voo para Recife, não quis se pronunciar a respeito e disse que só fará qualquer comunicado depois dos funerais do companheiro de chapa.
Está programado, no entanto, que ela, assim que pousar na capital pernambucana, se deslocará de imediato para a casa da família do ex-governador, onde, além dos cumprimentos formais, terá uma conversa reservada com Renata Campos, Ana Arraes e dirigentes do PSB, quando deve receber pessoalmente o aval da família para ser a candidata à presidência.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Erundina surge como alternativa a Marina em chapa do PSB à Presidência



Ouvir o texto

Uma ala do PSB defende que o partido proponha a candidatura de Luiza Erundina à Presidência, tendo Marina Silva como vice.
O nome uniria a legenda socialista e outros partidos da coligação. A ex-prefeita de São Paulo é considerada inatacável e tem ainda outra vantagem: é amiga de Marina e respeitada por ela.
Seria também uma fórmula para se livrar da candidatura de Marina apresentando uma solução palatável para as outras legendas da coligação, para a família de Eduardo Campos e também para a opinião pública.
O problema, segundo dirigente partidário ouvido pela Folha, seria convencer a própria Erundina.
O PPS, do deputado Roberto Freire e que integra a aliança que se formou em torno de Eduardo Campos, também é contra a ideia. A legenda está firme na proposta de lançar Marina, que já começaria a campanha de um patamar elevado de intenção de voto.
VICE
Há um outro movimento, no PSB de Pernambuco, para lançar Antônio Campos vice numa chapa encabeçada por Marina Silva.

VICE 2
Outro nome ventilado é o de Roberto Freire, deputado do PPS.

LUTO NÃO ELEITORAL
Marina Silva bateu duro ao ser consultada sobre a nota oficial que seria lançada pelo PSB sobre a morte de Eduardo Campos. Ela vetou termos como "não vamos desistir do Brasil" e frase que dizia que a tragédia "não encerra um ciclo". Disse que não endossaria qualquer expressão com conotação eleitoral.

BORRACHA
As notas de PSB e Rede Sustentabilidade foram divulgadas sem qualquer expressão que acenasse para o futuro da sucessão.

VOZ
A primeira manifestação pública, e contundente, de apoio a ela, no entanto, partiu de Antônio Campos, o único irmão de Eduardo Campos, em carta divulgada ontem pela Folha.

LUTO COMUM
Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, pediu que os restos mortais do marido só fossem enviados ao Recife depois que os corpos das outras seis vítimas também fossem identificados.

PISTA
Lula telefonou para Ana Arraes, mãe de Campos, quando o avião que a levaria a Pernambuco, logo depois da morte do filho, se preparava para decolar de Brasília.

TEMPO
Interlocutores do ex-presidente dizem que ele se sente como o pai que se desentende com um filho que morre antes das pazes que eles seguramente fariam.

DESTINO
O ex-deputado Walter Feldman também embarcaria no avião de Eduardo Campos. Ele acompanhava Marina Silva e o candidato na viagem que ambos fizeram ao Rio, na terça-feira.

AGENDA
Eduardo Campos tinha reunião marcada para ontem de manhã no CFM (Conselho Federal de Medicina). O político havia incorporado a seu programa de governo ideias defendidas pela entidade. E dizia que o programa Mais Médicos só foi lançado porque o governo nada tem a mostrar na área da saúde.

Grupo Corpo no Teatro Alfa

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Raquel Cunha/Folhapress
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A bailarina Dayanne Amaral se preparando para apresentação no Teatro Alfa
ROSTOS MARCADOS
O casal Ernesto Paglia e Sandra Annenberg esteve na abertura da 11ª Temporada de Dança do Teatro Alfa, que contou com apresentações do Grupo Corpo, anteontem. As bailarinas Dayanne Amaral e Malu Figueirôa subiram ao palco para um público que incluía o secretário da Fazenda do Estado de SP, Andrea Sandro Calabi, e o crítico de música Zuza Homem de Mello. O músico Marcelo Jeneci, que trabalhou com a companhia de dança na gravação de um videoclipe neste ano, esteve no local com a namorada, a diretora e compositora Isabel Lenza.

FICA A LIÇÃO
Homens que respondem a processo pela Lei Maria da Penha, por terem agredido as companheiras, irão para a sala de aula em projeto-piloto do Ministério Público de SP. O curso, que começa em setembro com 40 participantes em Taboão da Serra, vai durar um mês e incluir temas como controle da impulsividade e combate ao machismo. "Quem for a todos os encontros poderá ter a pena atenuada", explica a promotora Maria Gabriela Manssur.

COXIA QUENTE
A atriz Adriana Lessa quer explicações da produção de "As Beatas", que estreou anteontem no Teatro das Artes. Ela ensaiou o espetáculo, mas não está participando dele -e seu nome e sua foto continuam no material de divulgação. "Fui aos ensaios de 8 a 31 de julho, mas avisei que não poderia ir a alguns por estar gravando uma série da HBO", diz ela, que reclama por estar agora sem resposta dos realizadores.

COXIA 2
O produtor Luiz Fernando Jacomelli afirma que Adriana foi substituída por "não estar preparada para entrar em cena" após faltar a mais ensaios do que o previsto. A atriz diz ter entregue lista de datas em que estaria ausente. "O que mais desejo é encontrar uma solução."

Abertura da mostra "A Pegada Pop"

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Raquel Cunha/Folhapress
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As empresárias Paula Proushan e Michelle Lima visitaram a exposição
ARTE POPULAR
Renata Castro e Silva recebeu convidados para a abertura de "A Pegada Pop", exposição com curadoria da crítica de arte Ligia Canongia, na galeria Carbono. As empresárias Paula Proushan e Michelle Lima estiveram na inauguração da mostra, que também contou com o arquiteto Stefano Semionato.

CURTO-CIRCUITO
O Caixa Belas Artes exibe sequência de três filmes de Stanley Kubrick, nesta sexta (15), a partir das 23h30.

A fotógrafa Lilli Meira expõe até 31/8 na Boom SP Design, no shopping D&D.
Nação Zumbi faz show nesta sexta (15) no Cine Joia. 18 anos.
A feira Made Pop Up, com curadoria de Waldick Jatobá, vai até domingo (17), no shopping Cidade Jardim.

com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e NICOLAS IORY
mônica bergamo Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Marina é apontada como herdeira do patrimônio eleitoral de Campos

13/8/2014 18:18
Por Redação - de Recife e São Paulo

Marina ANJ
Marina Silva será, provavelmente, a substituta de Eduardo Campos nestas eleições
As cinzas que restaram do acidente em que o candidato à Presidência da República do PSB, Eduardo Campos, morreu ainda fumegavam quando seu irmão, Antônio Campos, disse aos dirigentes da legenda, nesta quarta-feira, que a candidata a vice na chapa, Marina Silva, deverá ser a herdeira política do ex-governador pernambucano.
– Eduardo morreu lutando. Temos que colocar Marina para cima – opinou Antônio Campos, o Tonca, como é conhecido regionalmente.
Correntes dentro do partido, no entanto, ainda defendiam a tese de que o substituto deveria sair das próprias hostes, uma vez que Marina e seu grupo, o Rede Sustentabilidade, tem voo solo em determinados pontos buscaram a agremiação apenas por uma temporada.
– O irmão de Eduardo quer que lancemos Marina . Mas há correntes no PSB que discordam e defendem que lancemos um candidato da própria legenda. Marina tem seu próprio grupo, que não é necessariamente o do PSB – disse um dos dirigentes socialistas.
Na realidade, o PSB tem 10 dias para registrar, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um outro candidato no lugar de Campos, após ouvidas as instâncias partidárias. Na véspera, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o presidenciável encerrou a conversa com a convocação aos brasileiros:
– Não vamos desistir do Brasil.
Ainda muito abalado, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que é impossível saber o que vai acontecer no âmbito da campanha e que o momento é de total perplexidade e luto.
– No momento oportuno, vamos tomar essa decisão (de quem será o candidato). Estamos muito abalados, e agora que vamos começar a conversar. É um impacto muito grande. O Eduardo era um candidato competitivo, que representava a esperança para milhões e milhões de brasileiros. É impossível prever o que vai acontecer – disse Rollemberg.
Na Tribuna do Senado, o senador chamou Eduardo Campos de “irmão” e segurou o choro por várias vezes. Emocionado também, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), lembrou a trajetória ao lado de Eduardo Campos em Pernambuco. Ao final, os dois senadores se abraçaram ainda na Tribuna.
Projeções
Para o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, ainda é cedo para saber os efeitos da morte do candidato do PSB na disputa eleitoral. Mas, diante do tempo escasso, o mais provável é que Marina Silva ocupe seu lugar na disputa. Segundo relatório divulgado por Perfeito nesta quarta-feira, embora Marina não seja do partido, não seria viável para o PSB lançar outro nome agora.
“É uma situação difícil uma vez que ela está a rigor num partido que não é o dela, será uma escolha traumática para o PSB colocar como líder alguém que está apenas de passagem na legenda. No entanto, devido ao curto tempo até o pleito, não me parece razoável tentar lançar outro nome. O PSB caiu no colo de Marina Silva”, afirma o documento.
O economista pondera, ainda, que é preciso saber se Marina aceitaria assumir o lugar de Campos, uma vez que existem muitas divergências entre os grupos que apoiavam o candidato e sua vice:
“Temos que ponderar se ela vai aceitar a aliança costurada por Eduardo. Sabemos que há posições muito distintas entre o PSB e o Rede, principalmente no tocante ao meio ambiente. A candidata Marina Silva é uma pessoa, como sabemos, de firmes convicções e não será uma escolha trivial para ela assumir a estratégia que Eduardo e o PSB costuraram nos últimos meses.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Cientistas políticos apostam que PSB deve lançar Marina


Publicação 13/08/2014 às 20:18:05 Atualizado 13/08/2014 às 20:44:12

Cientistas políticos ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apostam que, com a morte nesta quarta-feira do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, o partido deve lançar a candidatura da vice na chapa, Marina Silva, na corrida ao Palácio do Planalto. A avaliação inicial é a de que o "fator simpatia" com a consternação pela tragédia pode impulsionar uma eventual chapa encabeçada por Marina com resultados até melhores do que obtidos por Campos até o momento. Mas ressalvam que a estratégia só dará certo se ela mantiver os acordos eleitorais costurados por Campos, agindo de forma pragmática.
"O PSB não tem outra alternativa a não ser confirmar ela. O partido não tem outro candidato e precisa lançar uma chapa bem forte para puxar as alianças nos Estados", afirmou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Ele aposta que no início da próxima semana, passado o período de luto, o partido vai se reunir para lançar Marina e escolher o vice dela. Pela legislação eleitoral, o PSB tem preferência na indicação do cabeça de chapa, mas pode abrir mão para os outros cinco partidos que compõem a coligação assumir a candidatura. O nome, entretanto, deverá ter o apoio da maioria da aliança. Em 2010, Marina obteve no primeiro turno 19,6 milhões de votos (19,33%).
Se antes tinha dúvidas, David Fleischer considera que, com Marina no páreo, a possibilidade de se ter um segundo turno é 100% fechado. O também cientista político da UnB Paulo César Nascimento tem opinião distinta de Fleischer. Para ele, a entrada de Marina pode contribuir para uma reeleição em primeiro turno da presidente Dilma Rousseff.
Paulo César Nascimento avalia que um dos prejudicados com a saída de Campos da corrida eleitoral é o candidato do PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, o presidenciável do PSB retirava votos de Dilma no Nordeste, o que favoreceria o tucano. "O Aécio certamente é a primeira vítima, independentemente de Marina se lançar como candidata", ponderou. Nascimento lembrou que o PSB vai ter problemas se apoiar a candidatura de Marina, uma vez que o "casamento" entre o partido e a Rede Sustentabilidade, legenda cujo registro de criação foi negado e acabou sendo abrigada pelos socialistas, sempre foi "bastante tumultuado". "O Campos teceu alianças regionais e ela fez de tudo para bloquear os acordos", destacou.
O cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice, afirmou que a tragédia pode ressaltar o potencial eleitoral de Marina, que, frisou, sempre quis ser candidata a presidente. "Na substituição, ela pode ficar acima dos pontos que o Campos", disse, que também aposta num segundo turno com esse cenário. Murilo Aragão considerou ainda que, além de facilitar a vida de Dilma no Nordeste, a eventual entrada de Marina "encurta" os espaços da petista e de Aécio no Sudeste. Ele ainda considera que a tragédia trará uma maior atenção do eleitorado para as eleições, reduzindo o número de indecisos - na última pesquisa Ibope, divulgada na semana passada, 24% dos entrevistados anunciaram votar em branco, nulo ou estavam indecisos. Para ele, paradoxalmente, a morte de Campos vira um "eleitor importante". "Seu falecimento vira um catalisador de indecisos", destacou.


domingo, 10 de agosto de 2014

Os chefs ‘invisíveis’ da alta gastronomia

Os segundos na hierarquia não gozam dos holofotes, mas são fundamentais

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Comunhão de princípios. A chef estrelada Roberta Sudbrack (à esquerda) ao lado de seu braço direito, a mineira Lydia Shiihara
Foto: O Globo / Cecilia Acioli
Comunhão de princípios. A chef estrelada Roberta Sudbrack (à esquerda) ao lado de seu braço direito, a mineira Lydia Shiihara - O Globo / Cecilia Acioli

RIO - Anônimos no salão, imprescindíveis na cozinha. Os sous-chefs (ou subchefs) são o braço direito dos grandes nomes da gastronomia, estão em segundo lugar na hierarquia dos restaurantes e têm todo aquele trabalho e aquela responsabilidade com que seus mestres também arcam. Com um detalhe: não levam a fama. Além de ajudarem na coordenação da equipe, controlam estoques, fazem contas, conferem o processo criativo para que tudo saia perfeito e, claro, colocam a mão na massa. 
A estrelada chef Roberta Sudbrack diz que não entregaria o cargo a alguém desconhecido, mesmo que tivesse um currículo invejável. Para ela, essa é uma relação profunda, familiar, quase íntima. Não à toa, colocou a responsabilidade de sua casa no Jardim Botânico nas mãos da mineira, filha de japoneses, Lydia Shiihara, há quatros anos trabalhando com ela.
— A função de sous-chef não é uma escolha, mas uma conquista. É a pessoa à qual você entrega a sua cozinha. E, para mim, sempre será alguém que comunga dos mesmos princípios que eu, que entende a minha filosofia de que o ingrediente tem que aparecer, e não o chef. Lydia é uma pessoa única, séria e coerente, conquistou essa posição — defende Sudbrack, uma das participantes do Rio Gastronomia, uma realização O GLOBO, com apresentação da RioTur, patrocínio master da CEG e do Sebrae, patrocínio do Azeite Gallo e Nextel, apoio Senac, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Air France e Deli Delícia, parceria do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio).
Com a humildade de uma aprendiz, Lydia mostra profunda admiração pela mestre. Escuta atentamente cada uma das instruções e faz questão de segui-las à risca. Tanto capricha no sabor quanto na estética do prato, a ponto de corrigir a própria chef.
— Uma bronca da Lydia é pior que a minha. Inclusive, quando levo, fico péssima — brinca Sudbrack. 



A linha dura também é rotina nas cozinhas de Jan Santos (do Ibérico e do Entretapas). Segundo ele, “sua” Andréa Mesquita tem carinha de fofa, mas é osso duro de roer. O pulso firme e a capacidade de gestão de Andréa conquistaram a confiança de Jan no espanhol Entretapas, onde ela ficou por quase dois anos, até ser convidada para liderar a mais nova menina dos olhos do chef: a cozinha do Ibérico, aberto há quatro meses no Jardim Botânico, com a fama do primeiro restaurante sustentável do país. Para o lugar dela no Entretapas, Jan escalou o italiano Stefano Panaia.
— Cozinhar é obrigação, mas ser chef e sous-chef é mais que isso: é saber liderar, sobretudo pessoas — define Jan, lembrando que entrevistou Andréa umas oito vezes antes de “formalizar a união”, mesmo sabendo de sua imersão em restaurantes da Catalunha por sete anos.
Andréa, por sua vez, não está nem um pouco preocupada em levar a fama.
— Sou muito tímida, gosto de ficar nos bastidores, cozinhando — justifica.
Os holofotes também não são fundamentais para Rodrigo Guimarães, há quatro anos segundo chef do Oro, restaurante do badalado chef Felipe Bronze. A ele cabe “reger a orquestra”, cuidando de tudo quando Bronze está em reuniões e viagens, além das gravações da série “O mago da cozinha” do “Fantástico”, na Rede Globo, e do programa “Comidinhas de chef”, no canal GNT. 
— A cozinha não é o trabalho de um ou dois, mas a dedicação de muitos. O sucesso do Oro se deve a uma equipe de dez pessoas, e o Felipe sempre diz isso — resume Guimarães.
Como Felipe Bronze define, o sous-chef é uma peça fundamental: faz a ponte entre a ideia do chef e o dia a dia da equipe. E quem pensa que a admiração vem de um lado só, do pupilo para o mestre, engana-se. 
— Sou fã do Rodrigo. Ele é mais técnico, mais pontual, mais regrado e disciplinado do que eu jamais fui. Ele é meu complemento, é parte fundamental do sucesso do negócio — declara Felipe Bronze. 
Admiração é algo que chama a atenção também na história do chef italiano Luciano Boseggia e do pernambucano Januário de Andrade, conhecido com Badaró. Eles trabalham juntos há 18 anos, desde o Fasano da Haddock Lobo,k em São Paulo. Vieram para o Rio, passaram por altos e baixos e por salões como o da Forneria São Sebastião e o do Gero e agora, há três anos, estão no Alloro, restaurante do hotel Windsor. E, depois de aprender exaustivamente sobre cozinha italiana, Badaró se prepara para um voo solo: abrirá uma casa de massas no estilo “pegar e levar”, na Aníbal de Mendonça, em Ipanema.
— Ainda não sei se vou deixar o Boseggia. São muitos anos juntos, estamos em negociação, “discutindo a relação” — brinca Badaró, ainda confuso com a mudança.
Enquanto não chegam a um consenso, Boseggia aproveita para curtir os últimos momentos do companheiro em sua cozinha em tempo integral.
— Por mim, ele ficaria ao meu lado a vida toda. É como um casamento: quando você está há muitos anos ao lado de uma pessoa, já sabe, só de olhar, o que ela está pensando — diz Boseggia. 
Outra parceria de sucesso intercontinental é a do italiano Luca Orini com Filipe Rizzato, no Cipriani, do Copacabana Palace. Com 11 anos de carreira, Rizzato abriu mão da chefia no Quadrifoglio e apostou na mudança. Está há um ano ao lado de Luca.
— Optei por aprender mais um pouco, com um chef experiente de outro país. Ter essa troca é fundamental — avalia Rizzato, que já passou pela Locanda Locatelli, em Londres, com uma estrela Michelin, e pelo L’Indret, em Barcelona.
De estagiário a sous-chef
O segundo homem na cozinha de Rafael Costa e Silva, do Lasai, é o chef Thiago Gouveia, de 29 anos. Os parceiros se conheceram ainda na Espanha, no período em que Rafa era chef do Mugaritz; e Thiago, estagiário. Os dois se distanciaram quando Rafa veio para o Brasil com o projeto do Lasai. 
Nos dois anos de obras até ter o salão aberto, Thiago aproveitou para se especializar. Trabalhou em outros restaurantes espanhóis renomados, como o El Bulli, do espanhol Ferran Adrià. Retornou ao Brasil, estagiou no Dom, de Alex Atala. Antes mesmo de abrir o Lasai, Rafa sabia que ele era “o cara”.
— Por tudo o que vi no Mugartiz, percebi que ele estava pronto para ser sub-chef. Dividimos praticamente todo o trabalho. No Brasil, o líder ainda tem que ter uma qualidade a mais: se dedicar às pessoas. Os clientes são bastante sensíveis — avalia Rafa Costa e Silva.
Em alguns pontos, o aprendiz supera o mestre: 
— Ele faz alho e óleo melhor do que eu — conta Rafa.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dilma terá quase o dobro do tempo de TV de Aécio e Campos somados

Dilma terá 11min24 de rádio e TV, Aécio terá 4min35 e Campos, 2min3.
Outros oito candidatos à Presidência da República terão de 45seg a 1min10.

Mariana Oliveira Do G1, em Brasília


Candidato Tempo estimado
Dilma Rousseff (PT)
Coligação: PT, PMDB, PDT, PC do B, PP, PR, PSD, PROS e PRB
11 minutos e 24 segundos
Aécio Neves (PSDB)
Coligação: PSDB, DEM, PTB, SD, PMN, PTC, PT do B, PEN e PTN
4 minutos e 35 segundos
Eduardo Campos (PSB)
Coligação: PSB, PRP, PPS, PSL, PPL e PHS
2 minutos e 3 segundos
Pastor Everaldo (PSC) 1 minuto e 10 segundos
Eduardo Jorge (PV) 1 minuto e 4 segundos
Luciana Genro (PSOL) 51 segundos
Levy Fidelix (PRTB) 47
segundos
Eymael (PSDC) 45 segundos
Zé Maria (PSTU) 45
segundos
Mauro Iasi (PCB) 45
segundos
Rui Costa Pimenta (PCO) 45
segundos
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
O Tribunal Superior Eleitoral aprovou nesta terça-feira (5) o tempo de rádio e televisão que candidatos à Presidência da República terão na propaganda eleitoral que começa a partir de 19 de agosto. A presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, terá quase o dobro da soma dos principais adversários, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Dilma, cuja coligação tem nove partidos, terá 11 minutos e 24 segundos dos 25 minutos das propagandas que serão exibidas terças. quintas e sábados. Aécio, em coligação também com nove partidos, terá 4 minutos e 35 segundos. Campos contará com 2 minutos e 3 segundos.
Os demais oito candidatos terão entre 45 segundos e 1 minuto e 10 segundos cada.
O TSE havia feito estimativa, divulgada em 10 de julho, que previa Dilma com 11 minutos e 48 segundos. Ela perdeu 24 segundos. Em 16 de julho o TSE fez uma audiência pública e os partidos apresentaram questionamentos. Em razão disso, o tribunal refez os cálculos.
Com a mudança, Aécio e Campos ganharam alguns segundos a mais na propaganda.
A divisão dos 25 minutos é feita com base nos critérios previstos na Lei das Eleições - um terço é dividido igualmente entre todos e o restante leva em conta o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados.
Para presidente da República, as propagandas serão transmitidas pelo rádio às terças, quintas e sábados das 7h25 às 7h50 e das 12h25 às 12h50. Na televisão, serão exibidas às terças, quintas e sábados das 13h às 13h25 e das 20h30 às 20h55.
Ordem de exibição
Eduardo Campos vai abrir o primeiro programa eleitoral, conforme sorteio realizado pelo plenário nesta terça. Luciana Genro será a última no primeiro dia.

A ordem sorteada para exibição do primeiro programa é a seguinte (ao lado, o tempo de cada candidato):
- Eduardo Campos (PSB); 2min03seg
- Mauro Iasi (PCB); 45seg
- Zé Maria (PSTU); 45seg
- Aécio Neves (PSDB); 4min35seg
- Dilma Rousseff (PT); 11min24seg
- Levy Fidelix (PRTB); 47seg
- Eymael (PSDC); 45seg
- Rui Costa Pimenta (PCO); 45seg
- Pastor Everaldo (PSC); 1min10seg
- Eduardo Jorge (PV); 1min04seg
- Luciana Genro (PSOL); 51seg

Nos programas seguintes, será adotado sistema de rodízio, "devendo o partido político ou a coligação que teve seu programa apresentado em último lugar ser deslocado para o primeiro e assim sucessivamente".
A propaganda no rádio e na TV no primeiro turno vai de 19 de agosto a 2 de outubro e será dividida em dois blocos diários de 25 minutos cada.




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domingo, 3 de agosto de 2014

Alemanha e França lembram 100 anos da Primeira Guerra Mundial

3/8/2014 10:37
Por Redação, com DW - de Berlim

Em cerimônia nas montanhas de Vosges, fronteira entre os dois países, presidentes Hollande e Gauck homenageiam mortos nas batalhas e destacam importância da reconciliação entre franceses e alemães para a paz na Europa
Em cerimônia nas montanhas de Vosges, fronteira
entre os dois países, presidentes Hollande e Gauck
homenageiam mortos nas batalhas e destacam
importância da reconciliação entre franceses e
alemães para a paz na Europa

Uma cerimônia celebrada neste domingo em Colmar, na região francesa da Alsácia, lembrou os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. Em memória dos 30 mil soldados franceses e alemães que perderam a vida no monte Hartmannsweilerkopf, na fronteira entre os dois países, os presidentes da França, François Hollande, e da Alemanha, Joachim Gauck, colocaram cruzes no local onde em 2017 será inaugurado um memorial.
Gauck ressaltou que a montanha, também chamada de “devoradora de homens” (do francêsmangeur d’hommes), simboliza, como poucos lugares, o absurdo e o quão assustadores foram aqueles anos entre 1914 e 1918. “A Primeira Guerra foi um dos períodos mais terríveis e sombrios de nossa história comum”, afirmou o presidente alemão.
Ele ressaltou ainda que o fanatismo levado até o sacrifício próprio foi resultado da “aterrorizante cegueira intelectual e moral”. “Aqui, a Europa traiu o que seus valores, sua cultura e sua civilização promoveram”, afirmou Gauck. O presidente disse que o nacionalismo extremado levou a Alemanha a entrar em duas guerras no século passado e a lutar contra a França por duas vezes.
Modelo de reconciliação para o mundo
- A Europa conseguiu superar a guerra – afirmou Hollande em seu discurso. “Depende bastante da relação de amizade entre alemães e franceses para que o sonho de se chegar ao ideal europeu permaneça, e uma vida em paz seja garantida. É dever de cada geração defender a paz.”
Para o presidente francês, a reconciliação entre França e Alemanha, as duas maiores economias da Europa,  poderia servir de exemplo para o mundo. Os dois países compartilham o mesmo ponto de vista no que diz respeito à crise na Ucrânia, por exemplo, acredita Hollande. Ele ainda ressaltou: “relembrar o passado não é nostalgia, é aprender com a história.”
- Depois de a Alemanha ter atacado a França tanto na Primeira, quanto na Segunda Guerra, nós alemães agora só podemos ver essa reconciliação como um presente – afirmou Gauck durante a cerimônia no alto das montanhas de Vosges. Para ele, a Europa junta não é um “capricho da história”.
Gauck destacou que as instituições europeias são uma segurança contra aberrações e tentações. Ele ainda alertou sobre tendências populistas que pregam ideias “baratas” com slogans antieuropeus. “Aprendemos, por meio de lições dolorosas, a transformar a polarização em diversidade”, afirmou.
Nesta segunda-feira, na Bélgica, o presidente alemão participa da cerimônia europeia em lembrança dos 100 anos do início da Primeira Guerra. Representantes de outros 30 países são esperados no evento.
No dia 3 de agosto de 1914, o então Império alemão declarou guerra à França. O conflito, inicialmente restrito aos dois países, acabou se transformando na Primeira Guerra Mundial.