Cientistas políticos ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apostam que, com a morte nesta quarta-feira do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, o partido deve lançar a candidatura da vice na chapa, Marina Silva, na corrida ao Palácio do Planalto. A avaliação inicial é a de que o "fator simpatia" com a consternação pela tragédia pode impulsionar uma eventual chapa encabeçada por Marina com resultados até melhores do que obtidos por Campos até o momento. Mas ressalvam que a estratégia só dará certo se ela mantiver os acordos eleitorais costurados por Campos, agindo de forma pragmática.
"O PSB não tem outra alternativa a não ser confirmar ela. O partido não tem outro candidato e precisa lançar uma chapa bem forte para puxar as alianças nos Estados", afirmou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Ele aposta que no início da próxima semana, passado o período de luto, o partido vai se reunir para lançar Marina e escolher o vice dela. Pela legislação eleitoral, o PSB tem preferência na indicação do cabeça de chapa, mas pode abrir mão para os outros cinco partidos que compõem a coligação assumir a candidatura. O nome, entretanto, deverá ter o apoio da maioria da aliança. Em 2010, Marina obteve no primeiro turno 19,6 milhões de votos (19,33%).
Se antes tinha dúvidas, David Fleischer considera que, com Marina no páreo, a possibilidade de se ter um segundo turno é 100% fechado. O também cientista político da UnB Paulo César Nascimento tem opinião distinta de Fleischer. Para ele, a entrada de Marina pode contribuir para uma reeleição em primeiro turno da presidente Dilma Rousseff.
Paulo César Nascimento avalia que um dos prejudicados com a saída de Campos da corrida eleitoral é o candidato do PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, o presidenciável do PSB retirava votos de Dilma no Nordeste, o que favoreceria o tucano. "O Aécio certamente é a primeira vítima, independentemente de Marina se lançar como candidata", ponderou. Nascimento lembrou que o PSB vai ter problemas se apoiar a candidatura de Marina, uma vez que o "casamento" entre o partido e a Rede Sustentabilidade, legenda cujo registro de criação foi negado e acabou sendo abrigada pelos socialistas, sempre foi "bastante tumultuado". "O Campos teceu alianças regionais e ela fez de tudo para bloquear os acordos", destacou.
O cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice, afirmou que a tragédia pode ressaltar o potencial eleitoral de Marina, que, frisou, sempre quis ser candidata a presidente. "Na substituição, ela pode ficar acima dos pontos que o Campos", disse, que também aposta num segundo turno com esse cenário. Murilo Aragão considerou ainda que, além de facilitar a vida de Dilma no Nordeste, a eventual entrada de Marina "encurta" os espaços da petista e de Aécio no Sudeste. Ele ainda considera que a tragédia trará uma maior atenção do eleitorado para as eleições, reduzindo o número de indecisos - na última pesquisa Ibope, divulgada na semana passada, 24% dos entrevistados anunciaram votar em branco, nulo ou estavam indecisos. Para ele, paradoxalmente, a morte de Campos vira um "eleitor importante". "Seu falecimento vira um catalisador de indecisos", destacou.
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