Especulações passam pelo
ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, a ex-corregedora Eliana Calmon e o
irmão do ex-governador, Antonio Campos
por Hylda Cavalcanti, enviada especial da RBA
publicado
16/08/2014 15:28
PSB.ORG
Iniciativa seria, além de uma forma de homenagem, a maneira de ser feita ligação direta com os projetos apresentados por Campos
Recife – Com o caminho aberto para que seja
confirmada, nos próximos dias a candidatura da ex-senadora Marina Silva à
Presidência da República pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos, um
dos assuntos que mais tem sido discutido em Recife, nas conversas
políticas reservadas das últimas horas, é o esforço explícito para que o
nome a ser indicado pelo partido para a vice-presidência seja
diretamente ligado ao candidato recém falecido. A iniciativa seria, além
de uma forma de homenagem, a maneira de ser feita, na campanha, ligação
direta com os projetos apresentados por Campos.
Um representante do diretório estadual do PSB em Pernambuco
chegou a afirmar que o ideal seria a indicação de alguém da própria
família do ex-governador. Por isso, foram cogitados os nomes da esposa,
Renata, e do irmão dele, o escritor Antonio Campos, mas ambos foram
descartados.
Outros prováveis nomes próximos a Campos que poderiam entrar na
disputa são o ex-ministro da Integração Regional, Fernando Bezerra
Coelho (que é candidato ao Senado por Pernambuco) e o líder do PSB na
Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (RS). Bezerra Coelho tem ligação
antiga com a família desde o segundo governo do avô do candidato, Miguel
Arraes, em 1987.
Já Beto Albuquerque iniciou na política como militante do PSB
muito novo, no início dos anos 90 e, naquele período, teve algumas
divergências internas com Arraes e o neto, que acabaram deixadas de lado
com o passar do tempo. Nos últimos anos, Albuquerque e o ex-governador
pernambucano passaram a ter um trabalho mais afinado, principalmente na
defesa das bandeiras da legenda na Câmara.
Renata Campos, que é filiada ao PSB, seria a vice-presidente
que mais agradaria na nova chapa a ser apresentada pelo partido até
quarta-feira (20). Segundo comentários de vários parlamentares, essa
possibilidade teria sido vista com agrado, inclusive por parte de Marina
Silva, que possui bom relacionamento com ela e a considera bastante
preparada como técnica concursada do Tribunal de Contas do Estado de
Pernambuco (TCE) e por sempre ter demonstrado entrosamento com a
campanha enquanto acompanhava o marido.
Marina Silva, conforme informações de pessoas que se encontram
na cidade para o velório do ex-governador, teria mencionado o assunto em
conversa com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, mas a
possibilidade teria sido deixada de lado. Além de
dúvidas sobre se viria a aceitar tal missão (por ter um filho bebê,
portador da Síndrome de Down), Renata Campos estaria impedida pelo fato
de ser dos quadros do TCE. Conforme a lei eleitoral, para se candidatar,
ela teria que ter se licenciado e pedido autorização meses antes, o que
não ocorreu.
O mesmo impedimento se dá com a ministra do
Tribunal de Contas da União e mãe de Campos, Ana Arraes, que já foi
deputada federal. Poderia ser uma boa indicação, mas não foi sequer
cogitada.
Ex-corregedora
Entre assessores da ex-senadora, também é especulado com força o nome da
ex-corregedora nacional de Justiça e candidata ao senado pela Bahia,
Eliana Calmon, que, embora não fosse próxima de Eduardo Campos, entrou
no PSB pelas mãos dele e mantinha bom contato com o presidenciável.
Na avaliação de integrantes da campanha, seria alguém que
ajudaria a dar peso devido ao destaque que obteve nacionalmente nos
últimos anos, com o trabalho de punição e afastamento de magistrados que
tiveram problemas éticos em atuações nos tribunais do país.
E o irmão de Eduardo Campos, Antonio, que foi tido como
possibilidade por uma ala da legenda que estuda o assunto, acabou
desconsiderado pelo fato de ter participado de forma burocrática dos governos do irmão. A
carta divulgada dias atrás pelo escritor, reiterando que, como irmão de
Campos e neto de Arraes apoiava a candidatura de Marina – que chegou a
surpreender muita gente, já que ele não tem perfil político – teria sido
um indicativo neste sentido, mas foi deixado de lado logo pelos
pessebistas.
Roberto Freire
Em Pernambuco, enquanto as dúvidas reinavam sobre a
possibilidade de Marina Silva vir mesmo a substituir Eduardo Campos, já
era tida como certa a substituição em função do trabalho de um
articulador que entrou em campo logo após a notícia da tragédia: o
ex-senador e deputado Federal Roberto Freire (PPS-SP).
Freire tem tido um contato mais direto com Marina Silva desde o
início do ano, ao passo do PPS ter sido a primeira legenda colocada
formalmente à disposição da ex-senadora quando a Rede Sustentabilidade
teve o pedido de criação, como partido político, rejeitado pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). A legenda é uma das coligadas ao PSB e tem
atuado no sentido de aparar arestas existentes entre partidários da Rede
e socialistas.
“Antes a dúvida era entre a candidata ser ou não Marina Silva.
Sabemos que a decisão só será tomada por meio de reunião nacional que
contará com muitas divergências de diretórios estaduais, mas está
praticamente definida porque há o peso de alianças estaduais que sabem
da necessidade de uma candidatura mais expressiva como a da ex-senadora.
E ninguém em sã consciência quer abrir mão disso”, ressaltou um
deputado estadual de Pernambuco pelo PSB que preferiu não se
identificar.
Arranjos estaduais
Já se sabe que, com a candidatura de Marina, articulações
feitas anteriormente no Paraná, Santa Catarina e São Paulo para o
governo estadual estão fragilizadas e serão revistas, mas a posição do
PSB, a princípio, é de que é melhor perder apoio em três estados e
manter um cenário nacional favorável a ter de rever as estruturas
firmadas em todo o país.
A ex-senadora Marina Silva, que até o fechamento
desta edição se encontrava em voo para Recife, não quis se pronunciar a
respeito e disse que só fará qualquer comunicado depois dos funerais do
companheiro de chapa.
Está programado, no entanto, que ela, assim que pousar na
capital pernambucana, se deslocará de imediato para a casa da família do
ex-governador, onde, além dos cumprimentos formais, terá uma conversa
reservada com Renata Campos, Ana Arraes e dirigentes do PSB, quando deve
receber pessoalmente o aval da família para ser a candidata à
presidência.