FHC diz que Lula promove baixarias e falsas acusações
Citando o mensalão, FHC afirmou que "em nenhum momento Lula explicou de forma detalhada os acontecimentos que levaram ao maior escândalo de corrupção da história republicana".
O tucano escreveu ainda que, quando viajou com o petista para a África do Sul (funeral do presidente Nelson Mandela, em dezembro), sugeriu a ele que "deveria virar esta página [do mensalão], já julgada pela suprema corte".
Rodrigo Capote/UOL - Nacho Doce/Reuters | ||
Os ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inacio Lula da Silva |
O texto foi publicado no site Observador Político, dirigido pelo ex-deputado Xico Graziano (PSDB-SP), atual chefe de gabinete de FHC em seu instituto. É uma resposta, com quase duas semanas de atraso, a uma fala de Lula em Curitiba no dia 3 de julho.
Durante um evento de campanha da senadora petista Gleisi Hoffmann, candidata a governadora do Paraná, Lula disse que FHC "desmantelou instrumentos de combate à corrupção" na época em que dirigia o país.
Na ocasião, o petista disse que a primeira iniciativa de FHC na Presidência foi extinguir "a comissão geral de investigação criada pelo governo anterior [Itamar Franco]".
"Depois nomearam o engavetador-geral da República e engavetaram os casos Sivam, pasta rosa e a compra de votos, num total de 459 inquéritos criminais, quatro contra o próprio FHC", acusou.
"Engavetador-geral" é a expressão que os petistas usam há anos para designar o ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, titular durante os anos FHC.
No artigo desta terça, FHC fez considerações sobre os eventos citados por Lula.
Antes de partir para o ataque, classificou o caso do decreto como "insignificante". Confirmou que revogou a norma que "instituíra uma inoperante comissão de fiscalização pública", mas que, no lugar disso, criou o Conselho de Ética da Presidência.
Sobre os outros casos, afirma que tudo foi investigado e nada foi provado.
HISTÓRICO
O escândalo que ficou conhecido como "pasta rosa" surgiu em 1995. Na intervenção no Banco Econômico, foi encontrada uma lista de supostas doações irregulares feitas em 1990 para políticos aliados do governo naquela época, como Antonio Carlos Magalhães, José Sarney e Renan Calheiros, entre outros.
Também de 1995, o caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) foi a gravação de conversas em que o então chefe do cerimonial da Presidência aparecia fazendo tráfico de influência a favor da empresa americana Raytheon, vencedora da concorrência.
Já a compra de votos diz respeito ao escândalo revelado pela Folha em 1997, quando FHC aprovou a emenda constitucional que permitiria sua candidatura à reeleição.
Gravações feitas pelo personagem "Senhor X" (o deputado Narciso Mendes, do Acre, revelou-se depois) indicavam que cinco parlamentares teriam recebido R$ 200 mil cada para votar a favor da emenda. Dois renunciaram, mas nada foi investigado.
Esta é a segunda vez que Lula e FHC trocam farpas em menos de um mês. Em 14 de junho, o petista afirmou que o tucano "devia dizer quem é que estabeleceu a maior promiscuidade entre Executivo e Congresso quando ele começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição".
Era uma crítica ao fato de FHC ter dado ênfase ao tema corrupção na convenção do PSDB. "Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos", respondeu FHC em nota. "Não acusei ninguém [...] Não era preciso vestir a carapuça".
Lula não comentou as novas acusações de FHC.
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