Copa abafa protestos, encurrala Fifa e deixa esperanças para 2016
“Transcorreu em paz, com muita alegria e com toda a infraestrutura funcionando", definiu a presidente Dilma Roussef, em uma de suas entrevistas para analisar a realização da Copa do Mundo no Brasil. Se a preparação foi sob uma enxurrada de críticas, o decorrer da competição realmente surpreendeu. Após atrasos e superfaturamentos nas obras, o Mundial encerrado neste domingo superou as expectativas.
O fator negativo de maior relevância, aliás, ficou relacionado à entidade que mais criticou o país nos meses anteriores, e chegou a afirmar que o Brasil poderia não ter sido a melhor escolha. Em uma operação denominada “Jules Rimet”, a Polícia Civil do Rio de Janeiro desvendou um esquema ilegal de venda de ingressos, que envolve homens de muita proximidade à cúpula da Fifa.
De acordo com os responsáveis pela operação, a Match, empresa com direito exclusivo sobre venda de ingressos da Fifa, aproveitava o privilégio para desviar entradas a um mercado paralelo. Sendo assim, Mohamed Lamine Fofana tinha a função de distribuir os cobiçados bilhetes a agências de turismo ou pessoas físicas, movimentando cerca de R$ 200 milhões.
Após as primeiras investigações, indicando que a operação existe desde 2002, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu 12 pessoas, entre eles, Mohamed Lamine Fofana e Raymond Whelan, CEO da Match que pagou R$ 5 mil de fiança para deixar a cadeia. O caso serviu para endossar as suspeitas sobre a índole dos mandatários da Fifa, já que a entidade também está envolvida em suspeitas de corrupção relacionadas à escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2002.
Com relação ao temor criado às vésperas do Mundial, os problemas do país foram bem maquiados. Houve poucos relatos sobre atos de violência – uma das exceções foi a morte de um jornalista argentino atingido por um carro envolvido em perseguição policial. As manifestações também perderam força, facilitando a mobilidade dos turistas que visitaram o Brasil nesta época.
Os dados iniciais superam as expectativas anteriores ao Mundial, quando o planejado era receber cerca de 70 mil turistas de outros países, para que a Copa rendesse aproximadamente R$ 700 milhões. A ocupação de hotéis teve média de 64%, subindo para 75% na véspera e em dias de jogos. “Os depoimentos dos nossos visitantes falam muito sobre como eles foram bem recebidos, a imprensa relatou diversos casos de solidariedade e do acolhimento dos paulistas e paulistanos”, disse a vice-prefeita Nádia Campeão.
Os exemplares 30 dias, porém, podem ter chegado ao fim neste domingo. Assim como no Pan-Americano de 2007, também realizado no Rio de Janeiro, tudo funcionou muito bem ao longo do evento, mas os meses seguintes foram de desleixo com as obras construídas, além do retorno de casos de violência e do trânsito caótico. A esperança é de que os mesmos erros não sejam cometidos mais uma vez.
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