quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Para Planalto, alívio na dívida com a União pode ser sinal ruim ao mercado

Por Painel
06/11/14 02:00

Sinais trocados Embora Guido Mantega tenha encorajado a aprovação da mudança do indexador das dívidas de Estados e municípios, o clima no Palácio do Planalto ontem era outro. Assessores de Dilma Rousseff raciocinam que a proposta aprovada é a antítese do sinal que a presidente quer dar ao mercado: o de que vai retomar o caminho da austeridade fiscal. Mais: a farra da dívida não combina em nada com a cada vez mais provável ida de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda.
Pai… Aloizio Mercadante é visto no PT como o mentor da possível ida de José de Filippi Jr. para o Ministério da Saúde. O segredo do sucesso, notam correligionários, é atribuir a preferência pelo atual secretário de Fernando Haddad ao onipotente Lula.
… da ideia Petistas também veem as digitais do titular da Casa Civil na especulação de que Jaques Wagner pode assumir a presidência da Petrobras. “É perfeito: um cargo importante, mas bem longe do próprio Mercadante”, ironiza um petista.
Não rola A cúpula do Senado levou a auxiliares da presidente a avaliação de que a eventual indicação de José Eduardo Cardozo para o Supremo não passa pela Comissão de Constituição e Justiça.
Modelo Lula Aécio Neves planeja viajar pelo país pelos próximos quatro anos para tentar manter seu protagonismo político, nos moldes das Caravanas da Cidadania que o ex-presidente Lula conduziu de 1993 a 1996 e em 2001, antes de ser eleito.
Palanque As viagens seriam casadas com uma campanha maciça de filiação ao PSDB para ampliar a capilaridade da sigla nos rincões.
Plural De olho em 2018, o mineiro quer manter a ascendência na oposição. Por isso levou à reunião do PSDB Ana Amélia (PP), Pastor Everaldo (PSC), Raul Henry (PMDB) e Roberto Freire (PPS).
Singular Já o PSB decidiu não mandar representante para o convescote tucano. Caixa O PSDB estima que a campanha presidencial tenha gastado pouco mais de R$ 260 milhões e não vai deixar dívidas. O partido ainda tenta acordo na Justiça para saldar R$ 4 milhões de 2010.
Tiro certo Dos R$ 40 milhões arrecadados por Geraldo Alckmin (PSDB) na campanha, R$ 7 milhões caíram na conta depois da reeleição. Entre os doadores tardios estão a JBS (R$ 1 milhão) e o grupo Serveng (R$ 900 mil).
Zen Marina Silva passará os próximos dias descansando em um spa no Paraná, o mesmo em que a amiga Neca Setubal ficou após o primeiro turno. O hotel só serve aos hóspedes alimentos orgânicos cultivados lá mesmo.
Sustentável Marina não quer repetir o sumiço pós-derrota de 2010. Emissários dela conversam com aliados eleitos, como José Ivo Sartori (PMDB-RS), para opinar nas políticas ambientais.
Exército 1 PMDB, PR, PTB, PSC e Solidariedade começaram a negociar, sob o comando de Eduardo Cunha, a reedição do “blocão” para atuar formalmente na Câmara até o início de 2017.
Exército 2 Com 160 deputados (quase um terço do total) o bloco conseguiria impor derrotas ao governo, indicar presidentes de comissões e obter mais cargos no comando da Casa. A oposição não gostou da ideia.
Pra valer Carlos Siqueira, presidente do PSB, diz que a candidatura de Julio Delgado (MG) à presidência da Câmara não é para marcar posição. “Em 2013 também diziam isso, e ele só não foi ao segundo turno porque o próprio partido não apostou.”

TIROTEIO
Aécio não quer ver a diferença entre tucanos e petistas no combate à corrupção. O governo federal apura. São Paulo e Minas escondem.
DO DEPUTADO CARLOS ZARATTINI (PT-SP), em resposta ao discurso em que Aécio Neves (PSDB) pediu que as acusações contra a Petrobras sejam apuradas.

CONTRAPONTO
Salvo pelo ascensorista
Derrotado na disputa pela Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB) voltou anteontem ao Congresso, onde foi recebido com festa por parlamentares e funcionários.
Em entrevista, foi questionado por jornalistas sobre as manifestações que pediam o impeachment de Dilma Rousseff e criticou esses movimentos. Cinco minutos depois da fala, o mineiro foi abordado por uma servidora do Senado enquanto entrava no elevador.
—Aécio, o povo quer o impeachment da Dilma! Um mineiro não pode deixar a gente na mão! —gritou a mulher.
O tucano sorriu, e a porta do elevador se fechou.

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